O segmento nacional da indústria aeronáutica, de defesa e do espaço está a criar, em termos legais e formais, um ‘cluster’, sendo uma das mais inovadoras e maior valor acrescentado que existe em Portugal.
A criação do ‘cluster’, um chapéu comum para estes três segmentos, está em marcha, com a entrega do processo ao Iapmei entregue no passado dia 1 de agosto.
O setor industrial AED (aeronáutica, espaço e defesa) no nosso País valeu uma faturação de 1,7 mil milhões de euros em 2014, o último ano de que existem dados apurados.
Este valor equivaleu a cerca de 1% do PIB – Produto Interno Bruto nacional.
Nessa altura, o AED Portugal representava 18.500 postos de trabalho entre um total de quase 70 empresas e quase uma vintena de instituições universitárias e similares envolvidas.
O volume de exportações deste setor industrial em Portugal chegou à fasquia dos 87% nesse ano.
António Neto da Silva, presidente da Proespaço – Associação Portuguesa das Indústrias do Espaço, foi o negociador da vinda para Portugal do projeto da indústria automóvel Ford/Volkswagen, em Palmela, que passou a ser conhecido como a Autoeuropa.
“O setor de aeronáutica, espaço e defesa é hoje o que pode aportar a Portugal em termos de mudança de estrutura de exportação o que a Autoeuropa fez na altura. Nessa negociação, sabíamos que a Autoeuropa iria gerar um acréscimo de dois pontos percentuais no PIB português nos anos seguintes, com a criação de sete mil postos de trabalho diretos e mais cinco mil indiretos, além de ir contribuir com 22% para o valor acrescentado nacional. Foi uma forma de não estarmos apenas dependentes dos têxteis, do calçado e do vestuário para as exportações. E previa-se que o setor automóvel iria contribuir em 13% para as exportações nacionais. É isso que poderemos fazer agora com o setor industrial AED”, defendeu Neto da Silva, num encontro com jornalistas que teve lugar hoje, em Lisboa.
José Cordeiro, presidente da Associação DanotecPortugal, representativa da indústria de defesa nacional, calcula que o segmento industrial AED “poderá criar mais 1.500 empregos até 2020” e realça que o crescimento da atividade neste setor em Portugal tem andado entre os 5% e os 6% por ano, nos últimos anos.
“Há pouco mais de dez anos, este setor em Portugal era constituído por meia dúzia de empresas. Hoje, somos críticos para o crescimento da economia nacional, temos um efeito multiplicador muito elevado, contratamos trabalho altamente especializado e contribuímos de forma decisiva para a geração de valor acrescentado”, resumiu José Rui Marcelino, ‘chairman’ da PEMAS, a associação nacional para o setor aeronáutico.
João Romana, secretário-geral da AED Portugal, revelou que ” estamos a tentar associar ao nosso ‘cluster’ empresas portuguesas de outros setores de atividade relacionados como a metalomecânica, saúde ou ambiente: são ‘players’ que poderão entrar no nosso ‘cluster’ num objetivo comum de agregação, cooperação, potenciação e internacionalização”.
O setor nacional de AED que conta com empresas como a Embraer/OGMA, Caetano Aeronautics, Tekever, Optimal, Spinworks, Fibresensing, Lusospace, Active Space e Critical Software, entre outras, vai promover na próxima semana, nos dias 27 e 28 de Outubro, em Lisboa, a conferência AED Days, para debater os desafios e oportunidades do setor.
in Jornal Económico